quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Uma Difícil Opção: Reformar o Capitalismo ou Ruptura Socialista?

O mundo que emergiu da Segunda Guerra Mundial favoreceu a classe operária. Se antes o comunismo e o socialismo haviam se expandido bastante entre o operariado, após a guerra, a adesão tornou-se avassaladora. A esse enorme crescimento dos partidos comunistas europeus, somou-se a presença mundial da União Soviética, que saiu da guerra como potência militar e econômica de primeira grandeza. Um setor mais lúcido da burguesia compreendeu então que, se batesse de frente com o operariado, o mundo iria pelos ares. Objetivamente, não havia mais condições para manter políticas econômicas baseadas numa doutrina econômica responsável por duas carnificinas mundiais e pela maior crise econômica da história do capitalismo. Para evitar o pior a burguesia aceitou – sempre a contragosto e sempre resistindo ao máximo – a intervenção do Estado na economia, com a finalidade de promover o desenvolvimento e de reduzir as desigualdades entre as regiões e as classes sociais. Surgiu então o Estado de Bem-Estar Social, que incorporou várias reivindicações da classe trabalhadora: jornada de oito horas, repouso semanal, salário mínimo, férias, estabilidade - tudo o que constava das pautas do movimento operário antes da guerra. Esse período durou 25 anos e, enquanto durou, as condições de vida dos operários melhoraram substancialmente. Contudo, o mais importante não foi conseguido: apesar da enorme força dos sindicatos e dos partidos operários, não se conseguiu derrotar politicamente a burguesia e substituir o modo de produção capitalista pelo modo socialista. Em meados dos anos de 1970, o Estado de Bem-Estar Social entrou em crise. Saiu dela, dez anos depois, com a contra-revolução liberal – agora sob a roupagem de neoliberalismo. Essa contra-revolução, que é mundial, atingiu o Brasil com toda força, a partir de 1990, quando FHC declarou que iria virar a página da Era Vargas. De lá pra cá, os trabalhadores não conseguiram sequer uma vitória importante. Só perderam direitos e benefícios sociais. A derrota causou perplexidade e divisão entre a classe trabalhadora. Alguns partidos e movimentos procuram reviver o Estado de Bem-Estar Social, propondo reformas na estrutura do capitalismo brasileiro.

Outros consideram que não se pode voltar atrás o relógio da história e que não existem condições internacionais e internas para que a burguesia brasileira (brasileira?) seja reformada.

A hora seria, portanto, de formular uma estratégia de ruptura socialista, no contexto de um processo internacional. Mais dia, menos dia, os trabalhadores terão de optar entre essas duas estratégias.

Plinio Arruda Sampaio é advogado, ex-deputado constituinte, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e diretor do jornal Correio da Cidadania

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